Vestia-se ultimamente Com o primeiro facto do dia Saía para a rua barba feita e razoavelmente calçado Que os pés lhe hesitavam parecia que Desde sempre mas não Nem sempre foi assim e isso lhe dizia A simpática porteira que o conhecera em pequeno E desde então o sabia e julgava Para todo o sempre então como está O menino e a namorada Do menino encanto do bairro Entre meliantes vários e maus Estudantes sempre profissionais nos entretantos De enrolar mortalhas com que embrulhar futuros Escassos e empregos descontentes enquanto Empregos havia na cidade que nunca Conheciam para lá Do bairro Saía ultimamente para a rua com o mesmo Sem vontade já certificado do Noticiário as coisas marchavam como se não Marchassem de facto e em cada dia aparecia Assim supunha mais um responsável pelo mau estado De um país que se habituara ao mau estado de ser País. Cruzava-se invariavelmente com muita gente No grotesco eléctrico para 24 de Julho Data que nada lhe dizia ou tocava Mais por ignorância que por hábito (é hábito distinguir entre) E reparava nos olhos esquecidos de ser olhos Nas pessoas mais feias das primeiras horas Sabendo que outras seguiriam para já não tardando Que outras seguiriam mais pontuadas decerto Por maravilhosas figuras com maravilhosos destinos Gente compenetrada e caras bonitas certas de ter caminho Onde iam Tudo o convencia que devia ser outro O facto que vestia Rui A.