Que ando a esconder de mim com estes gritos de unhas contra a injustiça do mundo que só me deixam no coração tédios de céu afogado? Que ando a esconder de mim com esta raiva do amor pelos outros, a querer arrancar lágrimas de tudo para as colar nos olhos vazios? Que ando a esconder de mim nesta agonia de escurecer a alma para a confundir com a noite – bandeira negra de todos os humilhados? Que ando a esconder de mim sem coragem de mostrar aos homens a minha pobre dor, tão débil e exígua, que em vão oculto atrás de toda a dor humana para a tornar maior? José Gomes Ferreira