Dizia-me uma vez um antiquário de pouco aceitada e imprevista idade: «Continua». E não se referia ao chá que eu bebia, entre copos de outros, antes preferiu repetir «continua», por preferir na altura ser percebido, «continua, continua.» Eu sei como havia ali um misto monstro de simpatia, Alguma elegia, Surpresa e prodígio, alimentado a plantas ácidas. E desencanto nos olhos com o seu tempo Olhar por dentro e para fora tem destas coisas. E à distância tudo pode ser alvo e meta poesia Por exemplo ouço agora um tango com sabor a festa e sangue e máscaras Mas ainda há pouco era Lluís Llach (que me aparece mais que a Dona Eulália, faz tempo que a não vejo) em vivo, com Campanades a morts E é impossível não chorar É impossível esquecer Estranhas derivações, estas espumas de dias por vir E entre tanto que não digo apetece hoje um canto Cigano. Melhor parar e ouvir o Mar Os seus segredos Lamento é claro não saber o nome claro do claro antiquário Rui A.