De repente os nomes e outras coisas
Dizia-me uma vez um antiquário de pouco aceitada e imprevista idade:
«Continua». E não se referia ao chá que eu bebia, entre copos de outros,
antes preferiu repetir «continua», por preferir na altura
ser percebido, «continua, continua.»
Eu sei como havia ali um misto monstro de simpatia,
Alguma elegia,
Surpresa e prodígio, alimentado a plantas ácidas.
E desencanto nos olhos com o seu tempo
Olhar por dentro e para fora tem destas coisas.
E à distância tudo pode ser alvo e meta poesia
Por exemplo ouço agora um tango
com sabor a festa e sangue e máscaras
Mas ainda há pouco era Lluís Llach
(que me aparece mais que a Dona Eulália, faz tempo que a não vejo)
em vivo, com Campanades a morts
E é impossível não chorar
É impossível esquecer
Estranhas derivações, estas
espumas de dias por vir
E entre tanto que não digo
apetece hoje um canto
Cigano.
Melhor parar e ouvir o Mar
Os seus segredos
Lamento é claro não saber o nome claro
do claro antiquário
Rui A.
Publicado em 19 de Junho de 2013