Aviso de Asas
Afasto, devagar,
dos ombros da manhã,
a lonjura de cera
implícita nos meus passos
como um aviso de asas.
Já não podem tardar
os dedos que sufocam o medo
nos degraus da noite,
contos de fada
vidrados nos meus pulsos,
ângulo ou curva
De ternuras ausentes,
sinal anterior
a qualquer contradição.
Sou, por instantes,
um sossegado insecto
na flor dos lábios.
Graça Pires
Publicado em 23 de Agosto de 2013