(generosidade de leitor assíduo e discreto) Agora quando volto quando é raro voltar e sempre por um dia estou à minha espera na ponte de Santa Clara com um ramo de rosas que levanto à aproximação do carro saudando-te caro Fernando Assis Pacheco filho pródigo destes quintais floridos quando acontece que volto que assim volto por pouquíssimo tempo dou comigo na berma da EN 1 a olhar à esquerda o Vale do Inferno hoje estragado por um sacana qualquer dum engenheiro dizendo adeus adeus Fernando Assis Pacheco menino antigamente sem cuidado se é que volto intimado pela agenda do jornal em Condeixa já inquieto espreito a ver se vens do lado de Pombal oitavo duma fila atrás do camião coçando a barba gesto bem teu com que disfarças o nervoso e a pressa volto sem querer quando decerto mais não queria voltar encasacado anónimo de olho circunvago Leiria num relance prego no fundo apetecia parar ao pé de ti Fernando Assis Pacheco cálido aceno do que morreu conversamos os dois sobre esse século esses cafés com quatro mesas e matraquilhos na cave a cheirar a bolor essas aulas a que faltávamos no último período para empatar cinco a cinco com os varões todos torcidos consta que desde então não fazes mais do que perder Fernando Assis Pacheco