Da Cor de Saramago II
(ou descubra as diferenças, que as há...)
Sonhava o padre Voador navegar os ares,
Sete-Sóis respirava a sua amada
- uma só mão a segurava, e bastava
De pão andava Sete-Luas cheia,
Comia-o em jejum às pressas,
que o seu amor dispensava inspecção.
Promessas.
Quando o pão não comia, eram páginas e páginas
de um espectáculo com outros, e eventos
há época banais, mesmo se
pouco conversados
Entretanto el-rei adoecia a poder de flato
todos os que o rodeavam
mais as freiras que o aturavam
Pena não levar com o traque o parvo Francisco,
bem no peito dos olhos e da pontaria infame aos barcos
e a quem os trabalhava
Isto enquanto D. Maria Ana prosseguia de excelente saúde,
não mais bonita que dantes,
que de el-rei não via nem sabia muito mais
que os filhos que paria
para infantes
E depois há um clero muito pouco simpático para qualquer fé
tirando salvas e raras excepções, isto a haver salvação
e conseguirem safar-se os mais raros,
Um convento em Mafra,
Homens de vários ofícios bastante empregados
Piratas fardados
Prostitutas em fuga
E a puta da Inquisição
Mulheres contentes em dia de penitências
que era quando abafavam desconsiderações
e brutas doses de pancada
Só nesse dia, mas riam
O que tem o seu quê de incrível
Entre tanto teve Dona Bárbara,
que saía à mãe na formosura,
excelente professor escarlate.
Eventual talento praticou-o como é suposto
no estrangeiro
No meio de tanta lama prosseguiram
esclarecidos e certos três magos,
Bartolomeu, Blimunda e Baltasar,
De olhos bem abertos,
virados à rua
e ao sonho,
magnífica erva branca
da cor de Saramago
Rui A.
Publicado em 18 de Agosto de 2013