pões uma pausa à volta de cada palavra. em cada pausa circular colocas uma porta. convidas outras palavras para irem ao encontro dessa pausa, dessa porta. cada palavra tem, então, dentro de si outras palavras. ninguém sabe. mais tarde, pões uma distância à volta de cada palavra. algures a meio, colocas uma janela. desafias outras palavras para taparem essa janela com os seus significados mais primitivos, de modo a se não permitir a interrupção dessa distância. ao longe ninguém dará por isso. erradicas do teu vocabulário a palavra «nomeadamente». sabes que os poemas secundam a vida e por vezes vão para além dela. mais tarde, comunicas com o teu amor mais distante. envias uma carta. telefonas. mandas mail. és experiente e superior porque te soubeste condicionar de múltiplas maneiras. sabes que o amor é a menor distância possível entre dois seres vivos. Tiago Nené