Por vezes cada objecto se ilumina do que no passar é pausa íntima entre sons minuciosos que inclinam a atenção para uma cavidade mínima E estar assim tão breve e tão profundo como no silêncio de uma planta é estar no fundo do tempo ou no seu ápice ou na alvura de um sono que nos dá a cintilante substância do sítio O mundo inteiro assim cabe num limbo e é como um eco límpido e uma folha de sombra que no vagar ondeia entre minúsculas luzes E é astro imediato de um lúcido sono fluvial e um núbil eclipse em que estar só é estar no íntimo do mundo António Ramos Rosa