O Sol nas Feridas
Como a ave mitológica,
cada dia renasço
das próprias cinzas.
Reinvento o calendário
para rea(s)cender a minha vida.
Velho dilema:
se cruzo os braços, fracasso;
se avanço o semáforo, desapareço.
Mas não sei se continuo
como Sísifo sem sua
doida roda-viva:
ora pedra sobre os escombros
de mim mesmo,
ora aclive ressuscitado
em constante desafio.
Não resisto ao amanhã,
mas estou perdido no ontem
enquanto o presente
me sentencia e descaminha.
Enquanto não estendem a ponte
tento fazer a catarse
de um salto dialético impossível.
Ronaldo Cagiano
Publicado em 5 de Setembro de 2013