De repente escrever era um plano era um verbo escrever era quase um piano Espécie de toalha no dia feito e mil vezes refeito nos dias postos por fazer De repente era sempre de repente era instante De repente era urgente de repente bastante De repente era tudo muito poucochinho De repente era outra vez pequenino De repente era a gente a pôr-se em forma de gente de forma diferente Como dizia um especializado surrealista do burgo nem sempre amigo nem sempre bestial no seu suficiente compor de sentidos figura e fisga (um tipo simpático, esqueci-lhe o nome) tudo isto se passava num instante e bem depressinha mais mais que ao correr da linha Com línguas diversas e jogos de mata heróis bonecose espadas de lata medos de bichos e coisas de vários tamanhos e condições difíceis noções de sucesso fortes doses de invisível visitas partindo e chegando no processo presentes variados uns quantos sonâmbulos vagamente equilibristas alguma ginástica, e as alminhas que houvesse talvez em espargata E havia sempre, dizia o pouco amigo dado a filmes, um besouro na reciclagem dos tempos Por mais que o pensasse, mesmo em parvo, não o diria melhor. Crisóstomo Filho