Dos vultos
No baraço silencioso dos perigos
não se reconhece a morte
é inútil recuar perante a sombra
a morte é de nós
aquele que não tem sombra
Não temas os vultos
não ensombres os dedos
na decifração dos agouros
os mortos só enterram os seus mortos
devias saber
Melhor é correr de encontro ao cão
que mudo nos espera
ao fundo das ruas
e saudá-lo
como se faz a um amigo
e abraçá-lo
como se fossemos loucos
José Tolentino Mendonça
Publicado em 17 de Outubro de 2013