O quanto baste, se bastasse
Nos caminhos da escrita
eu piso e repiso estes dedos
curtos e grossos, impróprios para o piano
e deixo intacta a caneta e até a pena
e assim deve ser
E se um belo dia, pelo caminho
magoar mãos rasgar unhas ferir teclado
e inclementes dioptrias atacarem
de todo o lado
fica sabendo – eu não duvido
que os caminhos da escrita lá estarão,
intactos e tácteis
se escreveres comigo
as flores no plástico
E, mesmo aleijado e temporariamente irritado
estarei feliz, muito e com todas as letras
do calendário
e sossegado, em sossego inquieto
o quanto baste
Entretanto dizem várias vozes
(mais ou menos razoáveis)
que o tabaco mata
Rui A.
Publicado em 15 de Outubro de 2013