Vai mudar a hora que já mudou a hora
Quando a noite nos fecha por dentro sem ponto
asiático ou qualquer um mais simpático
Quando a faca se escava no prático centro
De todos os dentes de todos os poemas
Quando em forma de pá me espetas pá
nos gumes do tempo
relógios de ponto e dizes apenas porque é suposto
Vai mudar a hora
Quando o baloiço não faz vírgulas no vento
e não nos escorrega perigosamente
para coisa alguma
Quando uma flor nos morre
e não nos preocupamos
Então sabes, então sabemos,
de forma razoavelmente definitiva e sem parenteses
para outra linha
sem ponta de bruma sem rasto de espuma
sem restos de coisa alguma:
É tempo de partir, que já partimos
E não há vento não há pranto não há canto
Quando que uma flor nos morre por dentro
e não sabemos
Rui A.
Publicado em 29 de Outubro de 2013