Eu quero verdadeiramente quero que escorram dedos pelas janelas os teus dedos e que façam festas nos meus cabelos os teus dedos esses mesmos dedos que nunca fizeram festas nos meus cabelos. Eu quero verdadeiramente quero que cruzes teus pés nos meus esses teus pés que nunca cruzaram com os meus E quero que escorram no meu peito os teus vários peitos E que as tuas coxas se avariem no meu braço em toda a tua violência toda inteira. Eu quero verdadeiramente tudo isso e quinhentos. Quando eu morrer põe-me cravos à janela Eu não os vou ver é apenas um favor que te peço E sabes bem que não o faria se o achasse difícil (até a vizinha Beatriz que nunca foi dócil tem cravos à janela; verdadeiros, na janela de onde cusca os vizinhos). Quando eu morrer e eu sei que vou morrer um dia encontra uns morangos bons aí no bairro ou vai colhê-los ao campo ou à quinta velha, come-os devagar e convida uns amigos que não se importem de uma fruta lenta vermelha e com vincos. Nunca gostei muito de morangos devias sabê-lo mas sei como gostas de morangos sempre gostaste que eu saiba pode ser que assim mais agradada com o dia não canse tanto a busca dos cravos os cravos que eu queria. Já não estou aqui, tornou-se mais fácil querer que verdadeiramente escorram dedos pelas janelas os teus dedos e que façam festas nos meus cabelos os teus dedos esses mesmos dedos que nunca fizeram festas nos meus cabelos. Tenho algum receio das teorias indianas. E que tudo se repita. Crisóstomo Filho