Nestas coisas de epitáfios acho que vai já sendo célebre a entrada de um célebre rapaz, tambor talvez em Austerlitz (acho que dava por nome Guilherme, talvez fosse Joaquim), onde morreram tantos e tantos que não couberam (não caberiam nunca) nos cadernos de Tolstoi. Digo Austerlitz porque é um bom nome para morrer, e sonante - à falta de melhor, melhor que alguns outros. Nesta coisa de epitáfios nunca lembramos as dores de Dona Maria das T’rinas que nas agonias de Madragoas e bordéis de várias esquinas deixou ao justo de algum céu que houvesse encargos de justiça e algumas dívidas por cobrar, de alguns sobrinhos e de outros menos parentes, todos eles bastante intencionados ou pelo menos distraídos, no mal que lhe coube. Nesta coisa de epitáfios tudo sabe melhor (dizem uns quantos patetas), que qualquer história de putas, por boas que fossem. Nesta coisa de epitáfios sabe bem pensar que alguém vai pousar uma flor ou uma cereja, breve e fina, no teu caixão. E um cantar cigano, que é o mais que podemos esperar nós no horror que temos ao povo cigano de Austerlitz Nestas coisas de epitáfios um berço é tudo mais o resto Rui A.