Vou buscar uma estrela que caiu do céu, esta noite. Ficou presa a um ramo de árvore, mas só ela brilha, único fruto luminoso do verão passado. Ponho-a num frasco, para não se oxidar; e vejo-a apagar-se, contra o vidro, à medida que o dia se aproxima, e o mundo desperta da noite. Não se pode guardar uma estrela. O seu lugar é no meio de constelações e nuvens, onde o sonho a protege. Por isso, tirei a estrela do frasco e meti-a no poema, onde voltou a brilhar, no meio de palavras, de versos, de imagens. Nuno Júdice