Quando eu era rapaz novo acreditava que dos teus cabelos jorravam malmequeres, e sonhava brincar com eles, com os meus dedos. Nunca verdadeiramente o tentei para lá dos olhos estes - que fazias mais azuis. E ainda hoje tenho pena, alguma, de não termos casado aos doze anos (eram tão agradáveis, e tantos, os teus cabelos). Como agradável era a tua saia as meias brancas e o beijo que trocávamos na missa dos escuteiros (por isso lá ia, pontual e perfumado, acho que explorador júnior), na hora de nos amarmos uns aos outros. Lembro que tatuei o início de todos os teus nomes na mochila da escola (MICMR – Maria Isabel Costa Moreira Rodrigues) E dizia que se tratava de um Movimento Independentista da Costa do Marfim – Reconstruída Enfim, uma imensa vergonha. Foste o meu primeiro amor Descontando a Gigi, claro, que foi para Angola, e uma miúda que dava gosto à catequese. E ainda hoje não sei se é isto mistério, sabe-me a flores e a oráculo. Alguma coisa será, penso como eu Rui A.