Um dia, mortos, gastos, voltaremos A viver livres como os animais E mesmo tão cansados floriremos Irmãos vivos do mar e dos pinhais. O vento levará os mil cansaços Dos gestos agitados, irreais, E há-de voltar aos nossos membros lassos A leve rapidez dos animais. Só então poderemos caminhar Através do mistério que se embala No verde dos pinhais, na voz do mar, E em nós germinará a sua fala. Sophia de Mello Breyner Andresen