Ninguém viu a beleza das ruas até que, pavoroso, num clamor, se precipitou o céu esverdeado num abatimento de água e de sombra. A tempestade foi unânime e malquisto aos olhares foi o mundo, mas quando um arco abençoou a tarde com as cores do seu perdão e um cheiro a terra molhada animou os jardins, pusemo-nos a andar por entre as ruas como por uma herdade recuperada, e nos cristais houve generosidades de sol e nas folhas luzentes disse a sua trémula imortalidade o verão. Jorge Luís Borges, trad. Fernando Pinto do Amaral