Muito além das letras
Estas letras serão sempre tuas mesmo que as não vejas,
estas letras são tuas, por mais que as vejas
E serão sempre poucas estas letras,
mesmo que as poise como poiso em teu sossego
E por tantas que sejam estas letras são e serão poucas, sempre poucas
(são de facto poucas, estas letras, mais que poucas são pequenas,
para o teu tamanho não pequeno, pequenina).
Poucas de poucas,
quase breves mesmo se completas
e pouco e de pouco valem, estas letras,
e as palavras feitas nestas letras,
mas sabes bem que é esta entre tantas outras a maneira
e a forma e o cuidado e o som rasgado
que sempre deste e recebeste
Mas quem como tu sempre soube viver do pouco
como se o pouco fosse tudo
(num segundo concentrado o sabor do mundo)
sabe bem, como soube Gedeão que o fim do mundo
é mais que três mil anos;
e repousa o fim do mundo
no fim que pode haver em qualquer um
de nós.
nos nós dos nós dos nós de nós
No fim, e como sempre, meu bem,
nada como a festa,
e as festas sempre nossas.
Num tempo que é nosso e que é festa.
Para lá dos tempos
Rui A.
Publicado em 4 de Fevereiro de 2014