O destino foi muito cruel quando fez de nós poetas. A poesia não é uma arma carregada de futuro, como esse tal de Gabriel propôs. Além disso, o futuro – digam lá, a sério – é pólvora molhada. Não quero complicar a nossa triste sina, meus companheiros de escrita, mas todos temos escrito suficientes versos brilhantes e medíocres, quase todos já escrevemos palavras para as canções de um cantor famoso, todos já tivemos uma coisa ou duas traduzida para uma antologia, quase todos produzimos um argumento por encomenda, já recebemos um prémio ou dois e gozamos da lisonja, somos todos jogadores, maiores ou menores do lamacento campo do jornalismo, todos desfraldamos as velas da memória, tilintamos os sinos do virtuosismo, e agora, depois dos poetry slams, etc., o que é que vocês diziam de começarmos a escrever poemas mesmo? Joseba Sarrionandia