Um homem carrega uma porta pela rua fora. Procura a sua casa. Ele sonhou com a mulher, filhos e amigos, a entrarem através daquela porta. Agora vê o mundo todo, a entrar através da porta da sua casa ainda por construir: homens, veículos, árvores, animais, pássaros, tudo. E a porta, o seu sonho erguendo-se acima da terra, anseia ser a porta dourada do paraíso. Imagina nuvens, arco-íris, demónios, fadas e santos passando através dela. Mas é o senhor do inferno quem guarda a porta. E agora deseja apenas ser uma árvore cheia de folhas, ondulando na brisa, para providenciar alguma sombra, ao seu carregador sem abrigo. Um homem carrega uma porta ao longo da rua. Um homem e uma estrela. K. Satchidanandan, trad. Jorge Sousa Braga