não desenroles tanto a noite em tua pele. não equipares ao corpo o tropel das palavras na toalha. não encalhes em mim tanta beleza. aperta a blusa. recolhe do meu rosto os teus olhares, alguma lágrima brilhando sobre a mesa. sossega. é cedo ainda para o deserto trepidante do desejo. não julgues saber já que desenlaces o meu corpo procura sobre o teu. nem eu te ofereço o armadilhado morango do amor. apenas peço que adormeças, que dês lugar na cama ao meu fantasma. coloca o coração numa órbita prudente. talvez não tarde o tempo, o lugar onde eu te diga as palavras que desligam os alarmes que instalei em toda a alma. Luís Miguel Queirós