E ela ainda não sabe que escrevo sobre a morte. Ela ainda pensa que estou a escrever sobre ela ou sobre outra mulher. Se sentir o cheiro de outra mulher – ficará zangada, mas entenderá. Não entende a morte, porque ela ainda não compreende a morte. Porque ela ainda não acredita que é a morte que me dita o poema. Prefere pensar: é a preguiça. Perdi a caneta. As finanças. Multa por não ter bilhete válido. Uma letra por pagar. Desejo de solidão. Álcool. Visitas à casa de banho. Tudo isto são – sinais. Alguma vez saberá que escrevo sobre a morte? Saberá que se fico imóvel, estou a aprender? Porque é mais difícil não ser do que não ter. Não saberá que quando rio, rio-me contra? Nas anteriores edições ligava-me ela, agora já não quero. Marcin Świetlicki