Cem anos de Solidão
Os mortos também envelhecem
Concluiu um dia José Arcadio Buendía
(depois de o pensar), não duvidando que era quem via
Prudencio Aguilar, o eterno desalento
outrora morto às suas mãos,
espécie de lanças lançadas como feras
por um galo combativo e superveniente grave,
e imprudente,
insulto.
Os mortos envelhecempois de há muito
E muitos e muitas são as provas vivas
De tão diária ocorrência
Tantas vezes com lugar à mesa
Como qualquer bom argumento
Também este se presta ao contraditório
Que com ou sem anos de solidão na mão
Garcia Márquez Melquíades poisado no tempo
(que perdeu recentemente a pouca saúde que tinha)
segue vivo, ligeiro e sem idade,
mais e mais Gabriel
passados tantos anos.
E em que ficamos?
No meio de Amarantas e Rebecas feitas de amores e ódios
(clara demonstração de como é tão cega e pouco própria a luta e a conquista que até a falta de carisma de um único indivíduo pouco relevante não mais revela, até ver, que o que mais importa é derrotar depois se vê se merece o homem que se guardem votos mais ou menos castos)?
Abraçados a um castanheiro
incendiando em latim
a alma de um povo?
Em que ficamos?
Partimos, vamos, capitulamos?
Continuamos,
cem anos.
Na busca das árvores
que não encontramos
Rui A.
Publicado em 17 de Maio de 2014