A única coisa que posso fazer por si, diz o homem atrás dos computadores, é premir um botão a tempo porque tudo tem que desaparecer, desaparecer e desaparecer. E quase ninguém sabe quando é que na realidade ele preme um gatilho. O passado foi à falência, o futuro não me interessa; a verdade flui em números cinzentos pelas minhas retinas, um piscar de olhos e a próxima apresenta-se. Os dias não são bons ou maus, vivo indiferente a onde paro e ao que ponho em movimento. É assim que eu vejo as coisas: piloto um navio, o radar pia para onde. O mar? Nunca olhei para ele. Posso chamar-lhe papá? Tenho biliões de pais e hoje desapontei-os a todos. Não chore. Prefiro que me conte uma história para eu conseguir dormir. Ingmar Heytze, trad. Maria Leonor Raven-Gomes