Diz-me do sabor das magnólias, essas flores tão simpáticas, Flores de meninos de todas as raças. Diz-me do chão. Fala-me de várias plantas, outras, diversas e impossíveis diz como é possível desenhar um vaso um frasco e a cauda de um cão e põe-lhe um pedaço de sombra à janela Irei buscar da terra um pouco de pano de mil cores (apenas para que não tenha frio) ou não. Serei mais ou menos atento vogal e consoante Diz. Diz como quem fala e de que falam as rosas. Diz das folhas diz do sopro diz dos ventos e de alguma fábula antiga mais recente em todos os Outonos. Respira o azeite e diz como vivem as marés na planta dos pés. Diz do dia que tropeça nas manhãs despertas preguiçosas Diz como quem escreve uma carta e uma geografia Diz de quem fala diz de quem vê diz de quem espreita Gatos persas a viver à fresca nos pombais E quando e se alguma vez te cansares de linhas cifradas como tantas destas cheias de animais e alguma flora (comparecem também bispos que não vêm ao caso nas suas rezas e não foram conversados) e quiseres ir além da letra Olha o meu corpo vê a minha nudez Aquela que guardei para te passar entre silêncios, pragas e outras imodéstias talvez seja este o momento de estragar alguma coisa talvez seja este o momento de ficar ou de partir tempos surdos, estes. Recomecemos pois diz-me então como passam as magnólias essas simpáticas flores de raças tão cheias de meninos e meninas a dançar o vira à espera da groselha sempre verde ao sabor da avó no sabor dos tempos verdes em que sopra o vento nas cores e na flor das gentes e era isto que eu queria dizer apenas isto tão claro e claro além do resto. Rui A.