Soneto Para Cantar Uma Ausência
As horas passam, pesam lentamente
vazias de ti, cheias da tua memória.
A tua ausência rompe o fio da minha história,
isola como um fosso este presente.
deixando-me indefeso e inocente
entre a espada afiada da glória
de ter-te amado ontem, e a ilusória
esperança de amar-te eternamente.
Não dirijo a minha vida, e o futuro
apresenta-se inseguro, turvo, incerto.
Atenho-me só a ti, que não te tens.
Inclino-me sobre ti, débil muro
das minhas lamentações: arruinado, aberto,
fendido dique no qual me conténs.
Ángel González
Publicado em 10 de Junho de 2014