A luz irrompe onde nenhum Sol brilha; onde não se agita qualquer mar, as águas do coração impelem as suas marés; e, destruídos fantasmas com o fulgor dos vermes nos cabelos, os objectos da luz atravessam a carne onde nenhuma carne reveste os ossos. Nas coxas, uma candeia aquece as sementes da juventude e queima as da velhice; onde não vibra qualquer semente, arredonda-se com o seu esplendor e junto das estrelas o fruto do homem; onde a cera já não existe, apenas vemos o pavio de uma candeia. A manhã irrompe atrás dos olhos e da cabeça aos pés desliza tempestuoso o sangue como se fosse um mar; sem ter defesa ou protecção, as nascentes do céu ultrapassam os seus limites ao pressagiar num sorriso o óleo das lágrimas. A noite, como uma lua de asfalto, cerca na sua órbita os limites dos mundos; o dia brilha nos ossos; onde não existe o frio, vem a tempestade desoladora abrir as vestes do inverno: a teia da primavera desprende-se nas pálpebras. Dylan Thomas