Todas as tempestades Cobrem a terra. A vela arde em cima da mesa A vela arde. Como no Verão, as traças são empurradas Para a chama, Os flocos de neve batem Contra a janela. No vidro, anéis brilhantes de neve E fios de água escorrem. A vela arde em cima da mesa A vela arde. No teto iluminado As sombras oscilam. Braços e pernas, Cruzados pelo destino. Duas botas caem no chão Fazendo barulho, E lágrimas de cera Tombam no vestido. O nevoeiro de neve Não nos deixa ver. A vela arde em cima da mesa A vela arde. Um sopro vindo do canto Faz tremer a vela, Duas asas cruzam-se Como num anjo. Nevou muito durante Fevereiro Como é costume. A vela arde em cima da mesa A vela arde. Boris Pasternak, trad. José Pacheco Pereira