Texto com Magyar Posta em fundo
Era um indivíduo com o seu quê de indiferenciado
e passava pelo tempo quase e quase
sem querer
(tudo era quase, e demasiado,
naquela espécie de homem com dois pés)
Escrevia pouco e mais que o que lhe era necessário,
sempre nos vãos do mundo
Lia um quinhão a léguas do que queria
e chamava-se Arnaldo, apenas,
ou qualquer coisa de próximo
na distância de um nome próprio sempre longe
de ser primeiro
(como Abel, Acácio, Aníbal, Afonso, ou um Alcácer qualquer).
Foi sempre ser pouco exclamativo, e é desconhecida de muitos
(quase todos)
qualquer exuberância
entre as que teve
(feitas as contas, dirão alguns dos que cruzou, pouco se perdeu).
E ninguém soube nunca dos tempos dos selos do Vaticano
e de Magyar Posta (que bonitos eram estes),
com que coloriu corredores imensos
nos tempos em que eram imensos os tempos
e os corredores .
Pelo meio, muita espécie de partidas
depressões várias e cada vez menos cartas.
Arnaldo era cheio e farto de consequências
(espécie rara e pouco suada de Alberto),
e não se despediu nunca de ninguém,
nem quando nem como
- talvez lhe faltasse (breve e curta hipótese)
sítio de partir.
Quanto aos selos, desconhece-se hoje onde param e se inteiros,
e pouco se sabe ainda do tanto que prometera em jovem
Talentos para bicicletas que soubesse não teve nunca.
E disso guardou, entre pechinchas várias,
alguma pena.
Bem se vê que havia todo um mundo que se abria
Rui A.
Publicado em 12 de Julho de 2014