Não julgues... Habitas num recanto mínimo desta terra. Os teus olhos chegam Até onde alcançam muito pouco... Ao pouco que ouves Acrescentas a tua própria voz. Mantém o bem e o mal, o branco e o negro, Cuidadosamente separados. Em vão traças uma linha Para estabelecer um limite. Se houver uma melodia escondida no teu interior, Desperta-a quando percorreres o caminho. Na canção não há argumento, Nem o apelo do trabalho... A quem lhe agradar responderá, A quem lhe agradar não ficará impassível. Que importa que uns homens sejam bons E outros não o sejam? São viajantes do mesmo caminho. Não julgues, Ah, o tempo voa E toda a discussão é inútil. Olha, as flores florescem à beira do bosque, Trazendo uma mensagem do céu, Porque é um amigo da terra; Com as chuvas de Julho A erva inunda a terra de verde, e enche a sua taça até à borda. Esquecendo a identidade, Enche o teu coração de simples alegria. Viajante, Disperso ao longo do caminho, O tesouro amontoa-se à medida que caminhas. Rabindranath Tagore