Um século complicado
Eu podia agora falar das marés
Eu podia falar de todos os mares que nunca entendi
(sei que são bastantes e ocupam muito espaço no planeta)
Percebesse eu a terra e talvez me desse isso algum sossego
Confesso porém que a bem ou mal de saúde e ânimo
Também essa é matéria que desconheço abundantemente
Por isso melhor será não falar da terra
Talvez me devesse preocupar tão farta ignorância
Talvez me devesse revoltar mais e aproveitar bibliotecas,
Conversar com taxistas e outras pessoas, de bem ou não,
Fazer oposição, ser civil, meter conversa,
Ouvir vizinhos e colegas, olhar os solitários
Sorrir às crianças e às mães das crianças
Eu podia falar das nuvens e do clima e coisas assim
Podia falar de alguma da poesia que me passou pelos dedos
Podia falar do derby que aí vem, sem dúvida importante,
Do transporte que tarda em chegar
Do ordenado que nunca sei se chega nem quanto
Desta Lisboa magnífica, tanto espectáculo à borla
Mas olho vezes sem conta para o telefone, vai-se tornando
um problema maior.
Penso que não me faz bem.
Por obséquio diz-me
o teu nome
e onde moras
Rui A.
Publicado em 29 de Agosto de 2014