Eu podia agora falar das marés Eu podia falar de todos os mares que nunca entendi (sei que são bastantes e ocupam muito espaço no planeta) Percebesse eu a terra e talvez me desse isso algum sossego Confesso porém que a bem ou mal de saúde e ânimo Também essa é matéria que desconheço abundantemente Por isso melhor será não falar da terra Talvez me devesse preocupar tão farta ignorância Talvez me devesse revoltar mais e aproveitar bibliotecas, Conversar com taxistas e outras pessoas, de bem ou não, Fazer oposição, ser civil, meter conversa, Ouvir vizinhos e colegas, olhar os solitários Sorrir às crianças e às mães das crianças Eu podia falar das nuvens e do clima e coisas assim Podia falar de alguma da poesia que me passou pelos dedos Podia falar do derby que aí vem, sem dúvida importante, Do transporte que tarda em chegar Do ordenado que nunca sei se chega nem quanto Desta Lisboa magnífica, tanto espectáculo à borla Mas olho vezes sem conta para o telefone, vai-se tornando um problema maior. Penso que não me faz bem. Por obséquio diz-me o teu nome e onde moras Rui A.