Ainda preciso escrever a fulano e beltrano que vou bem de saúde que ontem me embebedei no bar grego e depois no bar norueguês, no turco que me preparei para a altíssima conta do gás e outras coisas a outros – como deambular num mundo cada vez mais inexplicável que alguém disse: vocês holandeses são todos iguais e olha que eu tinha pago e tinha óculos franceses e uma colectânea de poesia alemã no bolso e em casa sobre a mesa aquele insuperável poema de Anne Sexton wanting to die e ouve como troquei os fusíveis e de repente a luz apareceu e ela dormia no sofá debaixo do cobertor azul a beltrano e sicrano ainda preciso escrever que isso eu não faço que me recuso que vou apresentar queixa que os dias aqui se derretem em chuva que o mundo não é maior do que uma cidade do que eu naquela cidade do que os meus pés naquelas pedras e o que eu vejo ao pestanejar e preciso perguntar como vão passando se a casa já está pronta o artigo bem traduzido se as crianças cresceram se as mulheres não são de todo infelizes Remco Campert, trad. August Willemsen e Egito Gonçalves