Su'ad foi-se embora
Su'ad foi-se embora, e o meu coração, hoje,
está doente de amor, atado com cadeias;
Su'ad era tal qual, na manhã da partida,
gazela d'olhos negros pousados no chão:
se a contemplais, de frente, a andar muito direita,
vereis o seu umbigo, o abdómen de veludo;
vereis as suas ancas, se ela volta as costas;
mostra, se ri, fila de dentes laterais
banhada, eu sei lá quantas vezes!, por vinho,
vinho bem temperado com água, tão fresca,
de gruta cheia de pedrinhas, onde,
lá na curva do vale, o vento norte sopra:
o vento expulsa as manchas de poeira,
o vale transborda de cachões d'espuma
vindos de grande bátega, que cai a cântaros
da nuvem cor de breu na manhã cor de cinza.
Oh, que rara senhora ela seria,
se, firme, se tivesse conservado fiel
à promessa, prestando ouvidos ao bom conselho!
[...]
Ka'b Ibn Zuhyar
Publicado em 1 de Setembro de 2014