Se a natureza benigna reabsorve os amantes, decerto seria estranho não amarmos noutra vida, não recebermos novamente nova aura humana, não voltarmos a ser tudo aquilo que já fomos - nem mais desejarmos o que antes desejáramos. Pois o tempo rodopia as idades em remoinho e a todas sobrepõe sua lei imutável: nada do que é nos altera nem nos pode apagar. Ser aqui é milagre na bainha do tempo. Que morra quem seja: é-lhe o mundo outra vez. De fôlego infindável é o ser-no-futuro; pois o que aqui é distância, lá é respirar. Frederico Lourenço