Ela vivia num palácio mouro... Nas harpas, os seus dedos a espreitarem como pajens curiosos, a afastarem os cortinados todos fios de ouro. As suas mãos, tão leves como as aves, ora fugiam volitando, frias, ora pesam, trêmulas, suaves, nas cordas, a sonharem melodias... E os sons que ela tangia, aos seus ouvidos chegaram, receosos de senti-la, voltavam a não ser nunca tangidos. É que ela, as suas mãos, as harpas de ouro, não eram mais do que um supor ouvi-la e o meu julgá-la num palácio mouro. Alfredo Pedro Guisado