Princesa louca
Vejo passar na curva da alameda
Uma princesa há muitos anos louca,
Princesa cujo corpo é uma roca
Em principados de faisões de seda.
A sua sombra, uma lagoa azul.
As suas mãos tecendo pinheirais,
Lembram-me naus sempre chegando ao cais,
Águias sem asas num palácio, em Tule.
Seus dedos, pregos que pregaram Cristo.
Olha-me longe. Em seu olhar existo...
Passo nas rezas duma antiga boca...
Arqueio-me a sonhar sobre marfim.
Sou arco com que brinca no jardim
Essa princesa há tantos anos louca.
Alfredo Pedro Guisado
Publicado em 10 de Outubro de 2014