Vejo passar na curva da alameda Uma princesa há muitos anos louca, Princesa cujo corpo é uma roca Em principados de faisões de seda. A sua sombra, uma lagoa azul. As suas mãos tecendo pinheirais, Lembram-me naus sempre chegando ao cais, Águias sem asas num palácio, em Tule. Seus dedos, pregos que pregaram Cristo. Olha-me longe. Em seu olhar existo... Passo nas rezas duma antiga boca... Arqueio-me a sonhar sobre marfim. Sou arco com que brinca no jardim Essa princesa há tantos anos louca. Alfredo Pedro Guisado