Acho que tenho febre, acho que vou ficando mais ou menos plenamente convencido disso. Acho que é talvez a febre de não te ouvir pela manhã A febre de ter adormecido em silêncio Soa bem dizer que é a febre da incompetência a dias Acho que tenho febre e cada vez me convenço mais disso Será talvez a febre que sobra dos tangos para lá das esquinas dos meus passos A febre de madrugadas pequenas muito reais e sensatas A febre de uma cidade que não cresce nas unhas A febre de não estar descalço e mais que isso a febre de não saber estar descalço Acho que tenho febre, acho que tenho febre. Se não vejamos, me parece que tudo indica que assim seja: Nem a polícia me procura, o que encaro como aviso maior da falta de relevância e temperatura Mal lembro os tempos de fazer febre para não ir à escola (esses, tempos de um poema que não sei falar) Onde param, então, as letras mais lindas, as letras que guardei para ti? Se as encontrares contacta, por favor Estarei sempre, como sempre desde há muito, em zero zero zero, cardinal zero. Não, a culpa não é dos planetas. Rui A.