No Limiar
Chuvas
silenciosas verdes desabaram
nas cinzas e nas frágeis construções das Tuas criaturas
e inundaram-nas com alimentos.
O eco da primeira explosão está presente
no brilho,
na angústia das grutas,
e ressoa nas nossas memórias.
Interior revelado do dilúvio:
os olhos abertos
para a fragilidade
das formações de neve!
Plantas glaciares que vivem
no vento.
Trazemo-las dentro de nós à noite, no inverno.
A visão
das formosas colunas, da luz vertiginosa
nos cumes rochosos
no interior das cavernas.
Foi apenas tremor?
Vidro tocando o olho:
limpando o olhar.
E sempre em frente
da crina nevada das montanhas.
Cabelos esvoaçantes (incendiados da nuca
até ao rosto)
como um pólen selvagem
na memória do fogo.
Oh, fulgor das plantas distantes,
captado por uma película interior!
A erva acesa nas colinas,
os que atearam o fogo fugiram pelos jardins.
Quem conta isto segreda-nos de perto:
O que é aqui alimento?
Ivan Laučik
Publicado em 4 de Novembro de 2014