O Abade Brandão, homem que era De muito siso, prudente e sagaz, Guardou uma ideia no pensamento E com o fervor dos homens justos Não cessava de orar a Deus Por si e por todos da sua linhagem Pelos mortos e pelos vivos Pois de todos ele era amigo. Por uma coisa que desejava Ele rezava vezes sem conto: Que Deus lhe mostrasse o Paraíso Onde foi Adão o primeiro a assentar-se E é nossa herança De que fomos os deserdados. Pois ele cria que ali morava a suma glória De que nos fala a vera escrita E queria ver aquele lugar Que de direito lhe pertencia Não fora Adão e o seu pecado Nos apartarem, a ele e a nós. E a Deus rogava sem se cansar Que o deixasse ver muito bem visto. Queria saber antes ainda da sua morte. Benedeit