Tempo de dança num vago compasso de bela toada fecha solene a última festa do longo inverno. Chove de novo na húmida noite gelada de março; nada faria prever o perfume da música nova. Vejo agora teu rosto no espelho da sala dourada; luzem teus olhos ao brilho das velas nos lustres acesos, quando de novo o cravo entoa a música nova, sempre que soa no brilho da sala a triste gavote. Música minha alheia não soa às árvores altas: ramos e folhas ondulam à chuva na escura montanha, cantam por mim o que vejo ao ver-te no límpido espelho, hoje que mais do que nunca rebrilham teus olhos brilhantes. Frederico Lourenço