Tempo de dança
Tempo de dança num vago compasso de bela toada
fecha solene a última festa do longo inverno.
Chove de novo na húmida noite gelada de março;
nada faria prever o perfume da música nova.
Vejo agora teu rosto no espelho da sala dourada;
luzem teus olhos ao brilho das velas nos lustres acesos,
quando de novo o cravo entoa a música nova,
sempre que soa no brilho da sala a triste gavote.
Música minha alheia não soa às árvores altas:
ramos e folhas ondulam à chuva na escura montanha,
cantam por mim o que vejo ao ver-te no límpido espelho,
hoje que mais do que nunca rebrilham teus olhos brilhantes.
Frederico Lourenço
Publicado em 8 de Novembro de 2014