Com a maré da manhã surgiu no céu uma lua. De lá desceu e fitou-me. Como o falcão que arrebata o pássaro, Essa lua agarrou-me e cruzou o céu. Quando olhei para mim, já não me vi: Naquela lua meu corpo se tornara, Por graça, sutil como a alma. Viajei então em estado de alma E nada mais vi senão a lua. Até que o segredo do saber divino Me foi por inteiro revelado: As nove esferas celestes fundiram-se na lua E o vaso do meu ser dissolveu-se inteiro no mar. Quando o mar quebrou-se em ondas, A sabedoria divina lançou sua voz ao longe. Assim tudo ocorreu, assim tudo foi feito. Logo o mar inundou-se de espumas, E cada gota de espuma Tomou forma e corpo. Ao receber o chamado do mar, Cada corpo de espuma se desfez E tornou-se espírito no oceano. Sem a majestade de Shams de Tabriz Não se poderia contemplar a lua Nem tornar-se mar. Rumi