Da enorme alegria de estar vivo
Quase me esqueço de viver o rasto de sol
ainda luxuriante na sua passagem voluptuosa
de água e fogo ondulantes. Breve, cálida felicidade,
sempre fascinante numa procura convulsa.
Exausto e simples o meu olhar
alonga-se até à voz obscura do horizonte
onde nasce a vontade de renovar
o longínquo sonho inacessível
ou uma boca friccionando o desejo
de apagar a música arquitectada
na bruma matinal.
Apesar da distância com que olhamos o destino
há sempre um ímpeto no silêncio do tempo
um eco aflito de saudade face ao corpo
que era novo e sobra hoje recordações.
Antes ainda sonhamos fogueiras azuis
na enorme alegria de estar vivo.
Américo Teixeira Moreira
Publicado em 10 de Março de 2015