Quase me esqueço de viver o rasto de sol ainda luxuriante na sua passagem voluptuosa de água e fogo ondulantes. Breve, cálida felicidade, sempre fascinante numa procura convulsa. Exausto e simples o meu olhar alonga-se até à voz obscura do horizonte onde nasce a vontade de renovar o longínquo sonho inacessível ou uma boca friccionando o desejo de apagar a música arquitectada na bruma matinal. Apesar da distância com que olhamos o destino há sempre um ímpeto no silêncio do tempo um eco aflito de saudade face ao corpo que era novo e sobra hoje recordações. Antes ainda sonhamos fogueiras azuis na enorme alegria de estar vivo. Américo Teixeira Moreira