Quando abri meu coração, havia dentro um deus ferido; caía pelaface esquerda até romper a luz e estremecer a terra. Quando abri meu coração havia uma oliveira incendiando entre raios. Percutia o punho dos vazios e brandia seus braços o estrago. Quando abri meu coração, as fráguas não mais ardiam, mas o duro golpear dos ferros arrastava estrondos carcerários e suspiros. Quando abri meu coração, o poema, viu a descarnada face da guerra, de seus lábios saíram os adeuses, houve tremores noturnos e a silenciosa fuga das estrelas. Quando abri meu coração, rompiam-se a pena, o roído, o pó e as últimas palavras desencontradas, os olhos na sombra submersos as lembranças insones revolvendo-se no vazio. Quando abri o coração, as lágrimas domundo eram maiores... Alcira Cardona,trad. Antonio Miranda