limpamos o sujo do nosso vinil com a ilha nua que as mãos formam; a música não nos atinge; as metáforas sabem a mercúrio, os hábitos são ecos de delfim; a palavra reflecte o homem, o homem há muito que deixou de reflectir a palavra, desde que o vento pediu às nuvens que inventassem outra vez o amor, sem respeito pelas situações adquiridas ao abrigo das leis anteriores; o nosso amor antigo tem lascas, o desamor actual tem corrosão verde; hoje desapertamos todo o esforço do mundo e pelas mãos entramos no disco de vinil; e sempre que alguém se aperceber de um pequeno salto na agulha, somos nós evitando uma onda; Tiago Nené