Peregrinação
Chamei, chamei como náufraga ditosa
as ondas verdugas
que conhecem o verdadeiro nome
da morte
Chamei o vento
confiei-lhe o meu desejo de ser
Mas um pássaro morto
voa até a desesperança
em meio à música
quando bruxas e flores
cortam
a mão da bruma.
Um pássaro morto chamado azul.
Não é solidão com asas,
é o silêncio da prisioneira,
é a mudez de pássaros e vento,
é o mundo irritado com meu riso
ou os guardiões do inferno
rompendo minhas cartas.
Tenho chamado, tenho chamado
Tenho chamado até nunca.
Alejandra Pizarnik
Publicado em 2 de Abril de 2015