uma tarde perdida no tempo
Foi quando senti a tua nudez mais perto
que um cais aqueceu o meu corpo.
Foi quando tentei cantar teus olhos perdidos
que a imensidão da tua boca se fechou.
Foi quando louco e escorraçado do teu barco
que as águas do oceano vieram percorrer
com violência o silêncio da tua partida.
Foi quando vindo do infinito da tua pele inundada
que as minhas verdades se desmoronaram
e dissidentes se perderam no equilíbrio
da tua recusa em seres um pântano.
Foi quando no meio de um matagal de vozes
a minha se exasperou na fervura de tantos olhares.
Foi quando os fragmentos de um mundo irónico e
doente de sonho matou de morte o prazer das veias.
Foi quando uma tarde perdida no tempo a
inconstância quis correr mais forte e viscosa,
secreta de raiva, ainda mais sofrida de fogo
que a frescura da razão caiu em mim calada
e triste, o absoluto da solidão me trespassou
como se fosse um punhal doce.
Américo Teixeira Moreira
Publicado em 14 de Abril de 2015