Era um rapaz que partiu para conhecer o medo o seu coração arranhado pelas chamas tropeções de um cego que foge da aldeia nessa noite quem conseguiria contar de comboio em pensamento seguiu para Bréscia a última corrida de aeroplanos do século andava à roda de trinta mil libras e ele queria muito voar sozinho sobre florestas ninguém soube mas a sua vida vista daquele aeroplano maravilhara-o chegariam os nevões é verdade novas e novas sombras sobre a terra mas a sua vida vista do aeroplano era tão grande como nenhuma outra coisa que conheceu cá em baixo diziam: «o seu voo prolonga-se sobre cada floresta e desaparece nós vemos as florestas mas não o vemos a ele» José Tolentino de Mendonça