Ámen
Em círculo,
Estão os círios e as candeias,
Nas aldeias de novembro elas também estão
Em círculo,
As mães que fecham a escuridão.
Às vezes a neve cai sobre as palavras que
Os anjos aprenderam no bosque nocturno e
Então abre-se como um livro a casa de luzes
Vermelhas,
Acendendo, num porto antigo, os olhos
Profundos do abismo e da desolação.
Rezamos em silêncio e os sinos dobram e
Na curva da colina
Já se avista o cortejo da música.
Não podemos entrar.
Não há lugar aqui para as rosas do pai,
Inúteis, magoadas pelo furor das nossas mãos.
A mortalha arrefece.
Arrefecem longamente as estrelas que um
Dia vi sobre os jardins. Sem regresso
Estão os cisnes parados, quando a neve cai.
José Agostinho Baptista
Publicado em 7 de Maio de 2015